11 de dezembro de 2008
Hoje quero tudo que hoje pode me dar.
hoje pode me dar
hoje quero a noite,
as bruxas voando em vassouras
versos pequenos e secos de poções
com cenouras,fábulas, tomates,
e
mais água no meu feijão
hoje crio a cobra que
me envenena.
que me faz doer
E eu grito,
até pelo simples motivo de gritar,
de rachar. eu me abro.
(um pequeno espetáculo de me ver por dentro,pela garganta,
o que há atrás do meu sino)
hoje, ao mesmo tempo,
crio a cobra que me cura.
Hoje eu não quero
nada mais que
vinho, chocolate e
motel.
não, não quero
figas por mim.
hoje quero ter a possibilidade
de morrer
e não querer.
8 de dezembro de 2008
No Bar
"De todos os times que disputam o campeonato brasileiro, 10 são paulistas e 1 é campeão"
Nada mais certo...
7 de dezembro de 2008
Dois Futebóis
Um Futebol
os carros do ano,
do patrões
exibem orgulhosamente
a bandeira do São Paulo Futebol Clube.
Para Waler.
- Poeta polifônico.”
Esse é o poema chamado “Desejo & Ecolalia”, publicado no livro “Algaravias” em 1996 por Waly Salomão. A polifonia poética nos foi apresentada, creio que pela primeira vez, pelo Mário de Andrade lá no seu “Prefácio Interessantíssimo” em 1921.
Para Mário de Andrade, o verso polifônico seria o oposto do verso melódico: “A poética está muito mais atrasada que a música. Esta abandonou, talvez mesmo antes do século 8, o regime da melodia quando muito oitavada, para enriquecer-se com os infinitos recursos da harmonia. A poética, com rara exceção até meados do século 19 francês, foi essencialmente melódica. Chamo de verso melódico o mesmo que melodia musical: arabesco de vozes (sons) consecutivas, contendo pensamento inteligível. Ora, si em vez de unicamente usar versos melódicos horizontais (...) fizermos que se sigam palavras sem ligação imediata entre si: estas palavras, pelo fato mesmo de se não seguirem intelectual, gramaticalmente, se sobrepõem umas às outras, para a nossa sensação, formando não mais melodias, mas harmonias. (...) Mas, si em vez de usar só palavras soltas, uso frases soltas: mesma sensação de superposição, não já de palavras (notas) mas de frases (melodias). Portanto: polifonia poética.”
Extraído de http://www.cronopios.com.br/site/ensaios.asp?id=3693
25 de novembro de 2008
Ao Velho Buk
Naquela noite ele pensou em um refúgio em mais um bar, mas o que fazia ele por lá? Um emprego fixo? Pra quê? Nem ele sabia. Um futuro tranqüilo, uma casa, um carro? Não existe... E ele se perguntava ainda o que fazia naquela aula.
Descobriu a literatura maldita, e com ela a expressão pré-fabricada de uma sociedade aparentemente livre. Onde? Não quero falar mais nesse ponto, vamos aos fatos...
Um belo dia estava lá, no mesmo lugar, sentado no mesmíssimo canto da masmorra, o canto frio da sala. No fundo, não queria estar lá, mas estava. Enquanto ela dizia, lia se perguntando, “alguém não faz nada?”. E continuou a ler o maldito do momento, Bukowski. À sua frente, um outro pobre diabo lia, na mesmíssima posição, alguns lugares a frente. Nesse ponto, ela notou a estranha atividade e disse:
- Se não está aí, então não ganha presença.
E os outros se viraram para ele, que lia também. “Que se foda” pensou em imediato, “que resta ler o Édipo Rei, se minha vida tem muito mais em comum do que isso?” concluiu refletindo sobre o livro. E ficou lá, lendo aqueles contos malditos.
“Então gente, nessa passagem da página 82 o Édipo encontra o Creonte...”
“Pro inferno com tudo isso!! Tudo porque o cara comeu a mãe!” continuou na sua reflexão, “que se foda!”. E assim preferiu o velho Buk: “... quando a gente é bêbado, tem que ter sorte, e quando não é, também tem que ter”. Gargalhou com tudo aquilo, naturalmente. Olhou em volta, tudo aquilo não fazia o menor sentido, a menor indicação. Era só um meio de matar o tempo, sem beber, fuder ou ainda ver o mato crescer (Buk diria ver os patos, que só grasnam e cagam, porque comem de graça).
Nesse instante que gargalhou diante daquela desgraça, novamente tornaram a lhe observar. “Mas que se foda!”, concluiu pela última vez já fechando a mochila. Já passava alguns segundos das seis, e ganhava a liberdade efêmera das ruas e dos ascetas inúteis que o cercavam.
23 de novembro de 2008
Enquanto ela ia...
– E agora?
Sem reação, tornei a olhar para baixo, até que ela voltou a falar:
– O que queres que eu pense de tudo isso?
Naquele instante percebi que existia, de fato, uma referência, um sentido para aquela fala que outrora amável foi. E comecei a lembrar do que um dia havia ido, e de onde vinha toda a tristeza daqueles olhos...
Ela saiu, sem esboçar qualquer reação. Dos meus sonhos só restava a lembrança e depois dela sair, só tinha como legado, como único legado, a certeza de já tê-la possuído, em algum momento da minha vida. E isso é que era atroz, me corroia e incomodava. Mas contudo, isso não foi isolado.
Enquanto ela ia, percebia a imensa vontade de voltar, mas ela não tornou a me olhar, simplesmente ia, caminhando e de um caminhar tão compassado, me dava a certeza de que não estava tão tranqüila quanto aparentava. Senti uma vontade abrupta de correr e abraçá-la, mas estava desmoralizado, não tinha mais moral alguma para tentar lhe dizer o que pensava realmente sobre ela.
Me senti num enorme vazio, ao pensar isso. E ela caminhava, e caminhava. Naquele passo lento, fazia esse caminho tortuoso às minhas memórias, minhas lembranças. E tudo simplesmente foi, não há mais nada a fazer. Fui traído quando enfim acordei...
16 de novembro de 2008
Ela se foi

A tristeza bateu forte a porta.
Com a estética de quem ia pra não mais voltar saiu doída, gritando pra rua que comigo não ia mais morar.
Quis, mas já não podia, ficar triste.
Dizia me querer só se fosse pra ser inteiro, reclamou do segundo plano.
Decidiu sair logo que passei a sentir saudades, quando estava até me acostumando, gostando, até assumindo!
A tristeza talvez não goste de quem se acostuma, quer ser um incêndio no milharal.
Ela é como uma mulher muito intensa, que nunca vai casar pra não correr risco de cozinhar no morno.
Morro de felicidades, e de saudades.
14 de novembro de 2008
Divagando
- O lance é que todo mundo é amigo do Rei, é a Távola Redonda.
Aqueles que outrora combatiam e defendiam seus ideais, hoje procuram defender seu próprio nariz, viajar e arrotar miséria. Não faz mais sentido, o idealismo morreu. Entrar pra História e usar camisa do Che Guevara virou símbolo daqueles que fazem a luta revolucionária... Ah, conta outra! A essência é mais profunda do que isso, não tá na imagem, não tá na fala, não tá nas ações, está no pensamento!
Ninguém precisa ser do jeito que tem que ser, ou mudar, mas só não pode se esquecer quem é ou de onde é! Essa é a verdadeira essência por aqui. Acumulações são inúteis, estamos de passagem, só nos resta nosso legado, nosso próprio legado...
10 de novembro de 2008
Generalidades
senão um recado
do recato de Deus
em voltar a ser um jovem inconsequente?
9 de novembro de 2008
Ó.
Sempre fora, e não sabia como me desligar da saudade e viver tranqüilamente.
Ainda não aprendi. E desconfio que não aprenderei nunca. Pelo menos já sei algo valioso: é impossível me desligar da saudade porque é impossível me desligar da memória. É impossível se desligar daquilo que se amou.
Tudo isso estará sempre junto conosco. Sempre teremos tanto o desejo de refazer o bom da vida como o de esquecer e destruir a lembrança do mau.
Apagar as maldades que cometemos, desfazer a recordação das pessoas que nos prejudicaram, remover as tristezas e as épocas de infelicidade.
É totalmente humano, então, ser um nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade.
Talvez, para nossa sorte, a saudade possa transformar-se, de algo depressivo e triste, numa pequena chispa que nos dispare para o novo, para entregar-nos a outro amor, a outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas que será diferente.
E isso é o que todos procuramos todo dia: não desperdiçar em solidão a nossa vida, encontrar alguém, nos entregar um pouco, evitar a rotina, desfrutar de nossa fatia da festa."
( Pedro Juan Gutiérrez )
30 de outubro de 2008
O Oculto
27 de outubro de 2008
rimas bobinhas.
fécula de pão
uma bétula no chão
irrompe a sensação
de se star só
senão comigo
com ela então.
20 de outubro de 2008
Coisas que poderiam acontecer com as coisas
Numa dessas suas tardes de inspiração, a fruteira, que estava do lado da geladeira, derrapa numa das nuvens da cozinha, derrubando todas as bananas, laranjas, mangas, cenouras, tomates e alhos que acabara de comprar num feirão torra-tudo do Jardim do Éder(fechou para reformas..dizem que colocarão rampas para deficientes).
Do céu, então, cai frutas que se espatifem no chão.
Logo, uma chuva de uma semana tb começa a cair...
- É pra São Pedro limpar a cagada?
- Não, de raiva mesmo.
18 de outubro de 2008
Coisas que poderiam acontecer com as coisas
Não saberiamos explicar.
Luz de volta, tudo volta ao normal.
Então a lua.
Uma estranha tatuagem em forma de cotovelo estampada bem no meio da sua boxexa. Que se passa no nosso farol?
nao saberiamos explicar.
Aí uma sombra. Aqui mesmo.
Aí uma escuridão.
Da India, se via uma palma.
Da Islandia, um dedo indicador.
Austrália, mindinho.
Alguem pegou o planeta.
Com um cigarro na boca, procura um vulcão ativo.
Encontra.
bota fogo no careta
, e larga aquela bolinha em cima da mesa.
claro.
ela sai rolando e pára de cabeça pra baixo, do lado do saleiro.
É assim que poderia acontecer qualquer dia desses.
14 de outubro de 2008
ohne zurück
7 de outubro de 2008
Eu, o amorzinho e os poetas românticos

Mas todavia, apesar dessas tantas paixões e completudes infinitas pra comparação, meu amorzinho continua sendo de longe o mais especial, mas também raso de tão rápido, e bonito, de tão pequeno.
4 de outubro de 2008
Interesses externos
estava deitado, trocando farpas com o piso para saber com quem ia ficar todo aquele calor. se esticava. os fones de ouvido faziam o possível para competir com o som do resto do mundo (todo vizinho tem mal gosto) e, pelo menos desta vez o jogo estava ganho.
- hã.
era o teste pra saber se nao estava surdo ou ouvindo demais.
A cada
- hã
, os fones calavam a boca. boca, agora, só falava a dele.
Era comum. Sempre perguntava:
- hã
* *
Naquele dia/noite:
- hã
- oi
- hein?
- fala porra
- mas eu to falando! mesmo sem querer, eu falei...
- não, quem falou fui eu
- hein?
- tudo bem, vou abrir o jogo
- jogo...?!
-olha, como só temos uma boca pra nossa conversa, sugiro que a prioridade seja minha...
(...)
você não tem noção da cara que está fazendo pra gente. relaxa, fica tranquilo, por nós dois.
- ... melhor?
- ô. seguinte: eu sou seu estõmago.
- putaquepariu!
- não, eu vim do mesmo embrulho que você!
- naaão...
- relaxa, foi uma piada!
(soco no estõmago)
tudo bem, sem brincadeiras...o que a cabeça anda te cochichando?
- não sei direito, ela resolveu pensar bobagem...
- é, eu to preocupado...faz o seguinte...qualquer coisa me dá um toque.
- nem á pau! toque não!
- ô caralho! as piadas ficam pra outra hora, pode ser?
- claro...
(tapinha na barriga)
1 de outubro de 2008
A Flor da Pele
Foi num daqueles dias que mais estranho que o habitual estava ele. Não conseguia se alegrar com nada, e mesmo a pequena mais empolgante não conseguiria tirar a atenção no distante intrincado que ele estava entretido naquele momento, não esboçando ao menos um sorriso. Era de fato uma pessoa por demais estranha, mas nem sempre foi assim, dizem que foi tudo por causa de um certo orgulho ferido...
25 de setembro de 2008
Trivialidades
23 de setembro de 2008
22 de setembro de 2008
zero e vinte e cinco
Sou jovem.
E me lembro de ontem,
De semana passada
Quando fiz algo que gostei...
Meus cabelos vão cair
Esse é o preço da minha vida...
A cada cabelo, algo q eu deixei pra trás...
Ainda não consigo perceber o quão jovem sou
Mas já sei o quão jovem fui...
ReJuvenescer é paliativo
Juventude é droga de efeito retardado...
E só se percebe quando já se foi.
Perceber o baque
Não é pisar no breque
Nem acelerar mais.
É perceber em que pé estou
Qual a pá que me carrega
Qual o sentido de continuar andando...
Há razão pra ficar parado?
Se paro, fico preso, pulso nulo
Passo em falso
Ponte pra lugar nenhum.
Se vou
Vejo o vazio
Vide verso
Vala comum
De se tentar...
Então o que?????
20 de setembro de 2008
Dois dedos de TODO

O amor veio correndo
Oi! segura um minuto?
desculpe! posso?
puxe aqui! olha isso!
fogo, fogo, tem fogo?
ai, espere!
Desculpa a pressa
Puxou cadeira, se apresentou
Achei grosseiro fazer perguntas
Trouxe um tornado nos dentes
Marcas na pele, frases, memórias
Uma sacola de coisas
TODO
Chamou-me
TODO
Fez-me
TODO
Que deu certa hora e sumiu, sem despedida
Deixando tudo que era, agora, só meu
Se foi?
Sim, se foi
Sobrou um meu embriagado
E todas as velhas coisas
Que por hoje cabem bem
E me fazem
Mais
Tão...
18 de setembro de 2008
31 de agosto de 2008
A música do rádio
28 de agosto de 2008
Outros Usados
Quisera eu acreditar que não fui usado
Quisera eu acreditar que não sou mais outro
Quisera eu acreditar que eu não sou mais aquele...
Quisera eu perceber que não vivo mais na função
De alguém que não era eu, sem eu, porém alguém
Que de tanto se ocultar acabou por tornar são
Das coisas quiçá oferecidas à outrem
Me sentindo assim percebo, que nada daquilo dantes notado
Fazia mudar a ordem certa, em situações onde a ordem era a regra
De adestrado me tornei adestrante, de espectador me tornei protagonista,
de amado me tornei amante... Mas o vazio permanece, maior do que nunca
Que adianta continuar a representar mesmo sabendo que a farsa é passageira
e que de tão passageira se torna casual, que casual é a palavra do momento
Descompassada, descompromissante e descompromissada.
Escolhas nem sempre são sinceras, mas de mentiras tão sinceras seduzem,
e que no fim se resumem a um mesmo fim...
19 de agosto de 2008
Ela realmente entrou pela janela do banheiro.
espalhada pelos azulejos
com pentelhos e bigodes na mesma mão,
ficou dançando,
(como quem sabe dançar)
sem saber que estava dançando.
Ninguém me contou
eu vi.
depois levantou
Depois foi embora.
Depois...
É, depois eu não sei o que ela fez
Eu precisava dela pra saber o final.
16 de agosto de 2008
Louco Pensamento... (ou Aquilo que Atormenta)
Em 18 de novembro de 2005
No Descompasso
"As Grandes Coisas devem antes usar máscaras assustadoras afim de se fincarem nos corações dos homens"
29 de janeiro de 2006
Bilingüe (minha boca na tua)
pra tu
tchu
tchu iu
fór mi
fór ti
pra ti.
um té
um tea
um ti
uam tchu tri.
tri
tree (tri)
bi (tchu)
be (é)
bé
tchu bé
bé
a
bá,
né?
Ultima desse ano.
Meu é mim.
Mim quem sou?
O meu que falo
Esbraveja
Quando entra sem pedir
Que é sua
O corpo dela
É ela
Aquela que é seu
Que tenta ser eu
Mim não deixa
Mim é meu
E não dela
Mas ela
Na dela
Me escalpela
Me lembra
De quem sou eu.
15 de agosto de 2008
A arte da repressão
Serão três grandes árvores.
Viverão abraçadas e terão que se amar, por força, pelo inevitável ou por conveniência, por todo sempre.

Provocação estética
A conversa congela. Ele diria algo profundamente espirituoso e interessante, mas pelas caretas está espantado. Diriam que vem algo ainda melhor.
- Tá ouvindo?
- Ouvindo o que?
- Ouvindo o barulhinho, tein, tein, tein. Forte e ritmado. Presta atenção.
A coisa ficou mística num estalo, e Dostoiévski não teve nada a ver com isso. Ficaria talvez até aborrecido, por se tratar de um russo e pela falta de solenidade do corte seco que sua obra mais importante levara.
- Que barulho, velho? Do que está falando?
Sobrava pouca credibilidade, teria que aproveitar bem o último acorde...
- Meu coracão, meu caro! Meu coração! Começou a funcionar de novo! Tou te dizendo, acho que estou apaixonado.
- Ahhh, vá se fuder. Tou indo nessa.
Entre três ou quatro
Porém me desfaço, despedaço ou desinteresso. Ainda que meu pedaço seja feito de aço nunca antes despeço.
Uma tacada, uma tragada, uma trepada.
Ouvi-la dizendo aquelas palavras duras me lembrou quem era justamente no mesmo instante.
Um gole, um torpe, um dote.
A reação mais insensata apareceu nos momentos mais incertos. Lembro que ainda deixo de esquecer o que fui, quando estava ainda, lá.
Vou voltar, vou lembrar, vou esquecer.
E assim a coisa se segue da mesma forma que planejei, mesmo sem ter planejado.
Um trocado, um recado, um regato.
Não me restam muito o que pensar, ainda tenho motivo e idéia. Mas nada é comparável a aquilo que se passa, ou trespassa.
Uma dança, uma lança, uma criança.
Volto até lá, um dia, uma hora. Um dia, quando tudo acabar você ainda estará lá, prestes a me derrubar. Coisas da Vida.
Uma passada, uma mudada, uma rodada.
Existem oito chances, de por um fim. Sobrevivi a sete, não tô disposto a conhecer a última chance.
O mundo dá voltas, adoidado! Quem eu vejo na mesa do lado, outrora dividiu um cigarro, um espaço, um alento.
À luz, que reluz e seduz.
Assim a memória, a mãe de todas as lembranças plausíveis me lembra de mais essa do qual julgava esquecer.
Vivo, vivaz, perspicaz, loquaz.
FuncioNADA
Prefiro curtir minha tosse crônica de cachorro do que sofrer do mal que acomete os incautos, a certeza de ter conquistado algo ou alguém.
E praquele que ousar dizer que já passou pela mesma situação, sou obrigado a discordar porque isso não é mais um dos males mundanos é reflexo de toda uma geração que acha que sofre, acha que ama e acha que tá escrevendo alguma coisa.
No fundo quem é o idiota sou eu, em aceitar tudo isso desse jeito pré-determinado e subentendido. Vão-se os anéis, ficam-se os dedos! Como se ainda ligasse pra alguma coisa...
Isso ainda vai me arrastar pra ruína, pra decadência, pra tudo aquilo que não existe de bom ou seguro. Porque é isso que sem métrica, nem ética, muito menos poética assim a coisa se torna ao menos épica.
Não pensando, lutando ou agindo. A coisa coisa coisando.
Vivendo, meditando, meditativo, altivo seria se fosse reflexivo.
Pensar ou agir ou pensar ou dizer ou escrever. O tempo passa, mas não passaria se fosse passado.
Ouvir ou sentir ou ainda agir dizendo.
Kerouac
11 de agosto de 2008
quem morreu hoje há tempos atrás?
de um lado pro outro
pra baixo também.
aquela sua pata-quase-pé (por que não?)
escorrega no chão
da casa.
piso de madeira.
o macaco não gosta.
suas unhas fazem plac, plac,plac.
o gato chega.
não faz nada.
gatos nunca fazem nada
gatos deixam os idiotas enlouquecerem, pensando nas coisas que eles nunca vão fazer
Aqueles que não aguentam o silêncio.
Aqueles que não podem andar de madrugada.
porque suas patas também fazem plac,plac,plac
tá
cheio lá
dentro.
peixes
não se sabe quem morreu primeiro.
peixe, macaco ou gato.
peixes morrem como uma cena de comédia.
gatos morrem como uma cena de Sófocles.
macacos pulam pro céu.
descobrem que não existe nada lá em cima
e morrem na queda.
Bodegón con aves muertas y mono. Parra Piquer.
10 de agosto de 2008
9 de agosto de 2008
Restaurante
Não tenho direito á você.
Por isso que continuo vindo aqui.
8 de agosto de 2008
I
O
e
ae
?
FANHO faro fino
COM
ia
na corrida
pêéfão
dificil de engolir
SUA SUA
- Nem tanto Nem á pau que vou comer isso!
- É sua ainda
- Quando me der
- Não vou aceitar.
Nem fodendo.
ROUPA
que tiro
de cabeça pra baixo
pra cima.
DE
"Língua entre os dentes
boca fechada
um som estranho
na barriga. Característico"
BANHO
Num banheiro
que tenha tapete.
Senão não dá
7 de agosto de 2008
II
nem pra agora
nem pra amanha
desculpem amigos, mas nao dá
meus dedos erram esse vazio vide verso
que enche meu coração.
30 de julho de 2008
Acorda amor
Calma, calma, logo menos ele acorda.
- Acorda, amor! Amor? Acorde amor!
- Não vai acordar.
- Vai acordar!
- Amor? Amor? Amor? Acorde, Amor!
- Amor!
- Amor! Acorda... Acorda. Acorda ...
- Não está respirando. Não vai acordar.
- Amor!
- O amor está morto, e pelo jeito já faz tempo.
17 de julho de 2008
Que eu peça
Mais um r
Pra que vire
Pressa.
Com os cotovelos no balcão
Eu procuro nos bolsos
Entre os vãos da mão
Entre o vai não vai
De ir.
Já foi.
Procuro
Com o peso do sorriso largo
Os caninos ao sol
Procuro tempo e só acho temporal
Procuro vento, mas só tenho vendaval
na minha janela.
Três tiros de canhão
Com velas de cânhamo
Com três pregos no caixão.
Colores
Com a preta rica
Dá uma cinza...
(mais ou menos).
O amarelo genial
Com o verde níquel
Faz pratas de fortuna
E todos pintam de vermelho
O castanho claro babylizado.
Aquele ruivo
Cuida por adoção
do marrom vadio
vestido de branco
(por precaução)
(ou preocupação).
11 de julho de 2008
O dia depois de anteontem
O velho Vinicius de Moraes dizia que pra se apaixonar basta estar distraído.
E se tem alguém que entende de amor, perdão para os Los Hermanos que são só garotos barbudos, esse cara é o Vinicius.
Você que também entende das coisas que me diga agora... Quem nessa vida não quer se apaixonar? Acho justo, pela condição. Não acha?
Apesar do clichê evidente só não deve ser bom ter pressa.
Como alguém pode se distrair tendo pressa? Não tem jeito.
(...)
9 de julho de 2008
Tédio
Uma pessoa entediada é um frasco vazio, que ganha nome do que colocarem dentro.
1 de julho de 2008
Quase perto
Conheço por hora pouco do que é dela, as variações de seu nome, a cor exata dos seus olhos ou cabelos.
Mas estou completamente apaixonado.
Não vejo a hora de descobrir seus gostos, suas coisinhas, suas memórias, seu passado que não tem nada de meu, suas manhas de amor.
Meu novo grande amor sem rosto por certo não vai gostar de cigarro, de atraso e de sapato sujo, mas isso não tem jeito, vamos certamente nos entender.
Ela, por ser a próxima, é a melhor das personagens que já vi, e conto as horas pra começar a construí-la.
Só falta definir o que é mais original, começar o texto pelo fim ou pelo começo.
14 de junho de 2008
Sensibilidade
Dois gravetos
22 de maio de 2008
Trompete-cabeça

Incrível, mas os pistos apertam-se sozinhos. Não é incrível?
Enfiado com a parte de soprar pra dentro da blusa, exatamente onde estaria uma cabeça, o trompete aponta pra cima quando ele está trabalhando, e o homem inclina o trompete-cabeça quando quer cochichar.
Seus conhecidos são todos magérrimos, esguios, sem roupa e sapatos ou sexo, altíssimos e de apenas olhos grandes e pretos arregalados em todo o rosto, e fazem círculo em volta e silêncio quando ele fala com entusiasmo.
Respostas
Contato
O não verbal da mistura de expectativas e sensações provável disse algo pela sua própria conta, de maneira imperativa, atravessando a casca até então firme.
Pessoas sabem de referências, de autores, de música, de generalidades, mas não é domínio de qualquer ser humano a faculdade de construir deliberadamente a mensagem de um contato intenso de olhos, a troca perto do sobrenatural onde é possível tocar por um instante, mesmo que com a pontinha do indicador, as águas claras das profundezas do vivo.
13 de maio de 2008
ANO ZERO
No entanto, num misto de rejeição, vazio e maldade (aqui encarado como algo natural, próprio da natureza caótica e inconsequente de tudo o que é sensível), esssas pequenas tentativas de se manifestar não encontram refúgio, nem auto-estima suficiente para concentrar forças a ponto de esboçar ou sugerir algo que realmente valha a pena. No meu caso, que valha a tinta.
Não tenho medo de escrever bobagem - ao contrário.
Me surpreenderia se, por acaso, esse amontoado de rabiscos traduzissem o que se passa no meu estômago.
( Morte ao coração!)