20 de março de 2010
convenhamos
que
não
acaba
passa tudo e só sobra eu
um eu que não mente
com cara velha, sem chapéu
mas coerente
o que convenhamos
já é mais do que suficiente
26 de fevereiro de 2010
Jumping Someone Else's Train
O que teria feito senão seguir sua própria lógica, Chiquita Banana continuava existencialista com toda razão, e até ela fazia o que mandava o seu coração.
E mais do que esse destino manifesta que se manifesta.
10 de fevereiro de 2010
Uma cena
Acende a luz, pra procurar na sala alguma maneira de perder logo que pode seus primeiros minutos de tempo livre do dia, e a cena é a mais absurda de todas as cenas absurdas, de todos os dias.
- Porra bicho!
Ele só sorri, calmo e dominador.
- Olha tua situação filho da puta!
Sorri mais, de tão fudido.
- Tava sozinho?
- Mais ou menos.
- Como mais ou menos! A porta ficou trancada e levei a chave!
- Estive com minhas ideias. Mas elas foram tomando tanto corpo queeeeeee eee eee saíram por aí, pralgum lugar nessa casa que não sei qual é, dobrando as esquinas desse lugar cheio de vontades próprias, rindo dos buracos mortos das paredes celulíticas, dessa casa que já foi, talvez, uma Brigitte Bardot...
Acontecendo ali, em sua frente, uma prova, de que por mais esforço que faça o impossível ainda está descontrolado, e ainda é forte, imperativo e possível.
- Puta que pariu, não boto fé que tomou quase um litro de conhaque, e sozinho.
- Tomei com limão -, e sorri de novo.
27 de janeiro de 2010
Quando o desnecessário se torna essencial
Fazia muito tempo que não se viam, de modo que certas coisas permaneceram ocultas ou ainda, adormecidas. Se viu na possibilidade de reviver algo já anteriormente tentado a escrever sobre esses fatos que povoavam sua imaginação. Mas, era só um convite e nada mais. Um convite que poderia ser uma proposta pra lá de indecente, mas, que dizia respeito à tudo o que já aconteceu e que nem sempre foram satisfatórios. Enfim, não poderia esperar muito para que algo pudesse dar certo nesse sentido, afinal achava ainda que nada fosse se alterar, por mais que as coisas parecessem mudadas.
Não fazia mais expectativas de nada, enquanto os outros procuravam empregos e conseguiam de um modo ou de outro se estabilizarem. Não era o seu caso, uma vez que tinha uma proposta em mente que ia de encontro a toda e qualquer forma de estabilidade. Vivia uma eterna contradição, daquilo que lhe aguardava viver e aquilo que lhe era aguardado. Talvez fosse o ócio demasiado. Procurava formas de ocupar a mente com planos plenamente satisfatórios, mas que no fundo só lhe diziam respeito. Uma estranha forma de compreensão da realidade, das coisas que lhe rodeiam e do que poderia acontecer caso fosse diferente.
O grande problema era essa forma de não se conformar com as coisas, o que é diferente da conformidade de grandeza. Não falava em conformidade muito ou pouco, mas de algo que nasce do absurdo e da inconseqüência diária, da estética criada em abandono e que se molda a cada momento à indiferença cotidiana dos homens nesse espaço maldito criado por um sistema falido. Absolutamente nada estaria a seu acordo, uma vez sua revolta e raiva crescia e se refletiam em suas atitudes. No fim nada mais importava. Virou um kamikaze de si mesmo.
Passou a abortar toda e qualquer possibilidade de pensar em esperança ou em dias melhores uma vez que reconsiderou sua trajetória até ali e simplesmente chegou a essa conclusão. As vidas são formadas de falsas idéias, de falsas representações e sobretudo de esperanças. Viver nesse mundo significa um marca-passo que lentamente se extingue, cada dia é mais próximo da morte, é próximo de um abismo inexorável que, em tempos imemoriais jamais seria reconsiderado ou creditado. Males da modernidade.
A resignação se tornou um alento à indiferença diária, torna-se mais fácil ignorar do que encarar, ainda que existam meios de se pensar além dos muros das ideologias naturalizadas. Por outro lado, ainda tinha um encontro, que pode lhe suscitar toda e qualquer possibilidade de amor-próprio, ou auto-estima, ou ainda, um caso mal-resolvido.
Seria uma boa sinopse de um roteiro de intrigas a la Fellini, se não fosse mais uma tragédia diária vivenciada por boa parcela da população mundial.
14 de janeiro de 2010
Café simples-simples
Fica mais um pouco e sorri suavemente, acompanha-o por meio olho, entregue lisonjeada à espera, apesar da tanta-pouca magia das memórias dos dias do sempre recente, uma surpresa matinal, como um cafézinho gostoso simples-simples na cama, ou ele, de volta, num salto rápido, com a cintura dela entre suas coxas, desperte-a com um beijo faceiro, e uma cumprimentada de romance bonita e suave sussurrada.
Sim, dessa vez ele deve estar preparando algo, não é possível, dá pra ouvir os gritinhos estridentes dos talheres na cozinha, mas por outros tantos sinais em outros tantos dias como esse melhor é não esperar nada; a tristeza é grande, quase enorme, quando ela insiste em ficar na cama ainda mais - pois talvez tenha faltado tempo, e espera, espera, até que nada vem, depois de duas horas; e então, quando isso acontece, ela abre decididamente os dois olhos, volta pra si mesma, levanta da cama azeda e amarga já no passo duro, sem qualquer justificativa aparente, e em dias que se acorda assim o humor fica horroroso.
Será que ele ao menos pensa nisso quando acorda assim antes, quer dizer, pensa em fazer uma surpresa mas não se incomoda tanto, ou nem pensa, nem por um segundo? Consegue ver a mulher bonita, esguia e escolhida, deitada dormindo como se estivesse largada num campo de lírios brancos, e mesmo sem ter o impulso e a vontade de lhe fazer o capricho não se lembra que é bom, de vez em quando, pra uma mulher, fazer um agrado, um afago curto, um beijo matinal sussurado de romance?
Como se não fosse deselegante julgar algum, não é possível julgar esse homem. É um homem comum, ordinário, prático, honrado pelo condicionamento, com um trabalho digno, especializado e socialmente reconhecido, e os homens práticos assim não se incomodam com tais tipos de bilhetinhos de amor, e ele afinal, convenhamos que foi uma escolha, calma de tão calculada, sóbria e lúcida de tão política.
Ela não se lembra em que ponto foi que se perdeu, quando foi que desistiu, em qual homem irresponsável e boêmio tropeçou, selando seus poros, mas de qualquer forma a vida organizou-se de maneira que exato esse modo prático de operar essa vida vazia de quem está enfiado até os joelhos na terra, esse modo tacanho de viver distraidamente numa bolha que deram o motivo para que se metesse, definitivamente, com esse homem de borracha, em uma vida a dois, e sabia que nada mais podia ser feito, dali em diante, pois a guerra, perdeu afinal, pra si mesma.
26 de dezembro de 2009
15 de dezembro de 2009
A minha pele que sente muito mais.
Mais do eu deveria
Mais do que poderia sentir
tempos atrás.
Agora preciso viver
Tudo o que minha pele quer.
Não serão outras peles? Não!
Só quero sentir o frio
E o calor
De transpirar meu sal que escorreu
Pra valer a dor
Que senti
Quando tive o teu.
11 de dezembro de 2009
Cansei de escrever uma linha e apagar duas.
De pensar no que poderia vir depois.
E nunca vem.
Como um atraso silencioso
Dum trem
Que nunca ouvi passar.
E pelas pontas que já ficaram,
Com pregos tortos eu fecho a minha mão.
II
Não. Agora não.
Dessa vez a boca se encheu de pulmão:
- Só saio daqui quando eu pintar os olhos do papel de
negras
L
Á
G
R
I
MAS
e o torto borrão exposto
(caminho que a tristeza faz questão de gravar no rosto)
me fizer rimar amor com dor!
III
Já é tarde.
O papel
me responde de uma vez só (FURIOSO!!) tudo o que eu poderia escrever:
(um pálido sorriso).tudo vazio.
Nada. Nada. Nada.
-Me desculpe, não é pessoal...
É que teu vazio é tão normal...
-Me desculpe, não é, pessoal??!!!!
IV
(Penso em agressão
Em revidar o verso
Do revide que levei.)
V
Mas como, se sua palidez é fruto do meu NÃO,
Do inerte movimento da borracha
rasgando as possibilidades
desse poema
ser a minha maior criação?
22 de novembro de 2009
O estranho edifício
Um desses prédios tinha no topo uma rachadura, ou melhor, na parte do canto era um buraco, na aresta. Diziam-lhe que tinha sido um raio, e ele gostaria muito de olhar aquilo de perto. Um fenômeno da natureza, aquilo lhe atraía. Ainda mais um raio. Seu pai conhecia as pessoas que trabalhavam lá. Trabalhavam não, não faziam nada! Todas as tardes eles vinham, se revezando, e conversavam a tarde toda, os mais diversos assuntos e interesses, fosse política, futebol ou religião.
O prédio era branco, com janelas pequenas, basculares. Parecia que não tinha paredes, internas. De fato não tinha. Havia uma entrada central, a direita um guichê, atrás desse mesas com coisas, cadeiras decadentes, um rádio que tocava. A esquerda uma porta maior, que servia para carga e descarga. Conhecia aquele universo de cor, salteado, ao contrário e ao inverso. O cheiro de mofo e papel velho era intenso. Por mais que lhe dissessem o que havia lá, nunca se convencia. Queria entrar lá, ver de fato o que tinha lá.
Não se lembra quando exatamente, finalmente entrou. Os funcionários do lugar nunca compreenderam ao certo o que aquele menino queria tanto saber que tinha lá dentro. Claro, eles nunca cresceram com um prédio daquele na frente de casa e nunca foram curiosos. O lugar onde pessoas estranhas vinham todos os dias com coisas mais estranhas ainda, embrulhadas quase sempre levavam e sumiam. Mas, um deles, cansado daqueles apelos incessantes, aceitou levá-lo até o alto. A construção era enorme, quadrada, de 4 andares. Passou pela grande porta a esquerda da entrada. Ela se abriu e ele sorriu. Parecia entrar em um lugar proibido e que a maioria das outras pessoas sequer sabiam o que existia. Viu enormes embrulhos redondos, altos, como bobinas de papel para alguma máquina. O funcionário que lhe acompanhava lhe dizia o tempo todo que não havia ali nada para ser olhado. Mas ele não acreditava em uma só palavra. Viu uma rampa, e subiu. Começou a correr, crente que havia ali algo mais a ser observado, além de bobinas de papel.
30 de outubro de 2009
sossega a hora

arrasta, arrasta
arrasta hora
senta vá, calmo, espera
melhor que nem tente nada
por agora
sossega, segura, esfria-te a alma
de tanta desventura tua
escreve portanto
e vê se te acalma
arrasta, arrasta, arrasta
de
bru
çado na janela
só vejo passando
ela
na janela
onde a saudade mora
arrasta, arrasta, e arrasta
arrasta outra hora
escrevo convite
respira, coragem, é agora!
sossega, espera
deito e parece que mais demora
demora, demora
demora
sossega
demora!
sossega!
sossega a hora!
sossega
que o dia já passa
sossega
que a noite já vem
sossega
que ela
(acho)
que não
demora
29 de outubro de 2009
desa-ssossega
só mais demora
relógio anda
e arrasta, arrasta
arrasta
arrasta a hora
sem sossega
vá, venha, sacode
pois a saudade,
a saudade,
me melhora
quanto deixo
e enquanto pode
22 de outubro de 2009
28 de setembro de 2009
Scrap para Potcha
espera por tua volta apressada minha única casa, aquela que é artigo que não se imita, depois de tanto tanto tanto pouco
falta dia aqui pra criar, pelas paredes, pelos pisos, lustres, pelas portas, pelo recortinho do céu que me espia no superjardim de dentro, pedras minhas que inspiram, pois é tanto eu, tanta cara minha que tem as coisas que é como se morasse dentro de mim mesmo
veio boa e veio forte certo que pra compensar a choradeira da espera, pois sorte, sorte meu caro, sorte, sorte por aqui é mato
22 de setembro de 2009
telefonando
- Bom dia.
- Tem cartão de 40?
- Não.
- E de 30?
- Não, só de 60. Vai levar?
- Ah.
Delírios suburbanos - parte 3
A medida que andava fugia dos seus fantasmas em formas femininas, sentia que seu passado ainda estava arraigado nas mulheres que conheceu. Um letreiro publicitário lhe chamou a atenção, era sobre viagens. Se lembrou de quando estava com uma delas no estrangeiro. A elegância do lugar e como ela se portava foi uma pedrada na cabeça. Aquilo o perturbou. Chegou em casa, subiu e logo dormiu no sofá vendo tv, alternando entre canais com anéis em mãos escarlates e pastores cinicamente exorcizantes. Achava graça de ambos, mas preferiria mesmo assistir o canal do boi. Pena.
Um lugar invernoso, inóspito, porém com sol. Ao redor algumas casa e animais que andavam em bando. Patos, e eventuais gansos. Uma paisagem estranha, uma árvore e um processo de degelo bastante próximo, questão de dias. Flores que ainda relutavam em nascer por entre as árvores desfolhadas. Mesmo ali se perguntou ao que seria apresentado, ao longe via jovens e idosos praticando tai-chi-chuan. E seus sons orientais. Ao olhar novamente em direção as casas viu uma pessoa trajada com um terno preto, em risca de giz, chapéu e um cravo na lapela. Trocando em miúdos, o lugar era a Sicília e aquele era um típico mafioso.
Ele caminhou na sua direção, um passo grave e cadenciado e lhe disse:
- Você não sabe porque está aqui, mas sabe perfeitamente o que veio saber.
- Como assim?
- Seus sonhos, você pensa realmente que eles nunca dizem absolutamente nada. Há quem diga que que eels são um prenúncio para algo futuro, que surge do nada, por algum desígnio do acaso. A questão é além, seus atos o levam aos seus sonhos, e vice-versa. No final é isso.
- Hum...
she came in through the bathroom window. (?)
no doce de você
no doce
de dentro
de você
me caio
me acho
me caio me caio
me acho
me caio me caio me caio
(pausa)
carinhos
feitos
com
o
corpo
em
palma
de
mão
(pronto?)
tenta
tanto
tanto
tanto!
por hoje fico
e já toma logo pra ti
meu único e velho peito nú
pra que chore
vá!
chore
chore!
chore mais, chore de uma vez
chore o que não compensa
(pronto)
sabe que faço pouco
pois por hora
daqui
pouco posso
fecho os olhos
e deixo que se arrebente
que se arrebente você
se arrebente sobre mim
sem saber quem sou
se o são sou eu
se não é apenas “se”
enfim...
se a musica acaba,
fica muda,
mesmo assim,
não tenho motivos pra parar de dançar
o que quero
se traduz
em beijos.
Miguel.
Com leves pitadas guedeanas.
17 de setembro de 2009
Delírios suburbanos - parte 2
Uma sexta-feira a tarde acabava por andar na rua movimentada e ao dobrar uma esquina percebeu que ela vinha no sentido oposto ao seu. Uma tarde de sol, algumas nuvens esparçase e ela de óculos escuros, redondos, andando apressada. No exato instante que o viu, pegou o celular e começou a falar, fingindo. Parou e começou a andar devagar, como que não querendo. A lembrança foi instantânea tinha ele certeza, ela sabia quem ele era, e decidiu simplesmente ignorá-la. Ele olhou pra trás e sorriu debochadamente. Seguiu seu caminho, estava atrasado e queria uma cerveja.
Bem, aquilo o perturbou, porque na verdade essa lembrança o fez pensar em como conheceu a loira do bar. Por mais clichê que fosse, ela lembrava uma dessas atrizes retrô, cabelos cacheados e volumosos, alta, olhos negros e grandes e uma boca extremamente delineada. Sua personalidade era tão volátil, tão volátil quando a bebida do seu copo. No fundo, a conheceu por acaso, nesses de cinema, ou que só o cinema dramatizaria, se não fosse pelo fato dela ter como profissão o meio culinário, era a Chef num transatlântico decadente. Desses italianos, dos anos 70, com uma tripulação vacilante e viciada em anfetaminas. Dessa forma, a encontrou num dos raros momentos em terra. Tinha ido àquele bar sóbrio, o bar tinha uma sobriedade natural, quase espartana, sem frufrus e outras besteiras que compõe (exageradamente) o cenário, seja na arquitetura e na decoração. Eram mesas, cadeiras, um balcão, bebidas e a junkbox. Mais nada.
Entrou, e na junkbox tocava um antigo sucesso de John Coltrane, uma regravação de My Favourite Things. Um sax soprano primoroso numa gravação de 1961. Enfim, entrou e pediu uma cerveja. O cara do balcão no seu mudo silêncio o serviu. O único som era o da junkbox. Ainda não tinha acabado a música quando pediu a segunda.
Nesse momento, ela entrou acompanhada de um homem. Este era ligeiramente calvo, usava jeans e um moleton surrado. Tinha uma expressão marcadamente soturna, talvez maltratada, talvez maligna, talvez. Mal-humorado, com certeza. Sentaram num canto, numa mesa mais afastada. Começaram a discutir, o bar estava vazio e em pouco tempo as vozes se alteraram. Ele do balcão, ouvia tudo:
- Não vou, não me fala disso de novo que eu não vou!
- Só por uma noite! Nós precisamos disso, caso contrário, você já sabe!
- Já disse, não! E procure outra pessoa!
E ele saiu, apressado. Ela respirava ofegante, olhando desespera para os lados. Aparentemente sem saber o que fazer, depois daquilo perdeu o chão. Ficou sem ação.
16 de setembro de 2009
15 de setembro de 2009
O carro
- E aí?
- E aí...
- Tem fogo?
- Não, fumo.
- Fogo?
- Ah.
14 de setembro de 2009
Delírios suburbanos - parte 1
Forçou a porta tentando abrir, e nada. Nisso ouve do lado de fora um barulho de chaves se aproximando. O coração dispara, o que seria? Um sequestro? Mal se lembrou de um bar, e enquanto conversava com aquela loira, apagou. E aí já era. A porta abriu, a claridade cegou e aos poucos, antes que pudesse falar viu o gesto de uma pessoa com um capuz lhe fazendo um sinal para levantar, obecedeu e concordando foi andando. Era uma garagem com paredes brancas, o carro aonde vinha era um Galaxy preto, agora fazia sentido o tamanho do porta-malas, imenso. O do capuz lhe indicou para ir andando, à direita tinha uma porta. Entrou.
Se deu conta de que estava num motel, a julgar pela luz vermelha nas laterais da parede na parte mais alta, quase no teto, a banheira de hidromassagem e os produtos pornôs dispostos a venda ao lado da porta. Ao entrar, viu dois outros de encapuzados abrindo com uma chave phillips uma televisão da suíte, desmontando, literalmente. Havia música, no rádio tocava alguma black music que desconhecia. Música de motel. Notou que haviam retirado toda e qualquer referência que desse a entender o nome do motel e assim a localização aproximada. Tentava identificar e não conseguia, jamais havia estado ali. Sabia que não lhe aconteceria nada, caso não esboçasse qualquer resistência. Assim ficou.
Os da televisão retiravam a caixa de trás, e dentro da tv, começavam a colocar pequenos pacotes. Eram muitos pequenos pacotes. Pacotes brancos, com fita crepe, sem dúvida era cocaína. Só então, ouviu um deles:
- Quanto tempo?
- Trinta. - apontando para o relógio.
Se perguntou se era o tempo que estavam ali, o que lhe restavam no lugar, se era algo que faltava para o combinado,ou ainda se era o seu tempo de vida. No fim era isso mesmo. Tornaram a fechar a televisão e a colocaram exatamente no mesmo lugar. Tinham inclusive a foto do lugar exato da televisão para evitar que desconfiassem de algo, agiam com luvas. Aquele que lhe abriu o porta-malas fez um sinal para ele voltar, ele voltou e logo o escuro. Minutos depois ouviu as outras duas portas fecharem e uma porta grande abrindo. O carro arrancou.
13 de setembro de 2009
11 de setembro de 2009
O achado
- Eu vim aqui pegar meu dinheiro.
- Que dinheiro?
- O que eu perdi.
- Não tô sabendo de nada, quando foi isso?
- Em 1997.
- Ah.
8 de setembro de 2009
Um, dois ou três pontos reticentes
E um segredo saindo pelos vãos da minha mão.
Não preciso ser verdadeiro
A verdade condena os sonhadores,
promete tratar nossas feridas
e no final, nem apaga a luz.
Temos tanta certeza de tudo
que tudo o que temos de certeza
é pouco, quase nada.
Tudo realmente
é incerto.Nada mais belo.
Só quero viver de arte
viver se de imaginar
qual dia vai nascer amanhã
e, seja como for, comemorar.
Por que não?
Fingir saber o próximo passo
Talvez seja o próximo passo em vão.
5 de setembro de 2009
1 de setembro de 2009
O desdito, o maldito, o bastardo
Agora já esqueci do que ia escrever quando comecei esse texto. Era sobre a lembrança de algo, isto é fato, mas qual seria? Se já tinha uma vontade de lembrar, isso acabou de se converter em obcessão, por querer lembrar daquilo que pensava em escrever, talvez fosse mais uma besteira, ou não, não importa, já era, essa idéia é natimorta, é a festa da menina morta.
O que eu consigo lembrar desse insight infeliz é que passava na frente do CED, ali na UFSC mesmo. Atravessei a rua, e nesse processo todo pensei em algo, talvez com toda certeza, sobre aquilo. Ou então, tinha visto alguém ou algo que sem sombra de dúvida colocou essa mente pensante alucinada a pensar na própria existência do pensar (no fundo, eu ficaria com essa). O que mais angustia é que a todo momento eu vou conseguir lembrar o que era, só que isso é tão remoto, tão impossível, quanto a possibilidade desse texto causar alguma repercussão por aqui.
No fundo nem queria saber o que tava pensando, queria mesmo era concluir meu texto com a idéia original e pronto. E não raro esse, que a falta de memória me impõe nessa 5a feira de agosto. Talvez seja essa a mesma tortura de quem ama quem nunca existiu... e que não sabe nem o nome, ou o tom exato da voz. Exagerei, mas foda-se, ainda não consegui lembrar do meu tema. Talvez nem consiga mesmo.
10 de agosto de 2009
Será?
Será que o amor é de verdade, quando só existe mentiras?
Será que o amor é de mentira, quando só existe verdades?
Será que o amor é verdade e mentira?
Ou será essa mistura a verdade do amor.
Será que amar é soltar, quando a vontade é prender?
Ou será prender quando a vontade é soltar?
O amor é prisão ou ilusão?
Prisão é a ilusão do amor?
Ou amor é a prisão do amor?
O amor preso não consegue viver,
O amor solto consegue amar?
Por Alcione dos Santos Fernandes Costa
Tum Tum
Panum ni
Pananim
Num num
Tum Tum
Panum ni
Pananim
Num num
Tum Tum Tum
Fraaaaannnnn!!!!!
Pá
(Fan fan fim)
Tum Tum pá
(fan fan fim)
Tunana
tunana
Pim pim
Pinin
Num nanan
Pim pom pim pom pan pan
Pum pim pim pom pom pom
Pim pom pum pã
Pin nim nam nam nammmm nam
Nem nem nem na...
Pim
Pum pim pim pom pom pom
Pum pim pim pom pom pom
Pan
Pan
Pim
Pim
Pom
Pim
Tan tan
Pimpompimpom
(repetir 3 x)
6 de agosto de 2009
Entre janelas num fim de tarde de chuva
Já não tinha paciência para certas coisas, de modo que, o que lhe restava era somente um desprezo involuntário por tudo aquilo estabelecido. Não se configurava em nenhum momento naquilo posto como natural, ou naturalizante. Achava ainda que era necessário romper com tudo aquilo, a partir do próprio meio, com as ferramantas fornecidas e que seriam, naquele momento, as únicas disponíveis. Escrever era uma delas.
Saiu da sala quando a chuva já engrossava, as gotas de chuva pareciam mais pesadas. Não o sentia porque prefiriu sentar e continuar a observar, desejando, mais do que qualquer coisa, um mp3 e um cigarro. Aquela visão do cinza lhe atraía, sobretudo os tons de branco, ou quieto. O branco tem essa poder, inspira paz, inspira o silêncio, inspira tudo aquilo que buscava de algum jeito. Via uma mensagem naquilo tudo, um lembrete ao que viera e buscava. Tem algum objetivo em mente, de um jeito de tentar chegar ao ponto comum.
Voltando à chuva, sentia que essa quietude era uma das poucas coisas que faziam as pessoas pararem, ou pelo menos tentando fazer parar. As vezes trágicamente, a chuva era antes água e a água quando represada adquire uma força incrível quando enfim livre. Besteira, já tinham escrito isso muitas vezes, essa metáfora da água era por demais manjada, clichê, palha. No fundo, o que desejava com aquela chuva, vendo aquela chuva, era a certeza, um tanto idealizada, de conseguir ir aonde queria, quando queria. Naquele momento ouviu os pássaros, quero-queros. Pensou nesses animais que territorialmente se defendem. Mas que podiam ir aonde queriam, talvez até voavam. Males da modernidade: o virtual é mais palpável ao nosso cotidiano do que o simples fato de perceber o que se passa na natureza ao redor.
Nesse momento concluiu, satisfeito, que tinha a incrível capacidade daqueles dias assolados pela cegueira da visão, do excesso de luz que cega implacavelmente e que nos impede de perceber o que se passa ao redor. De repente, as luzes se acenderam, e o tom de cinza do céu de chuva dava lugar ao azul escuro da noite. Tentativas de lusco-fusco em pleno inverno inter-tropical. E permaneceu, ainda perplexo, com a bizarra conclusão de que não precisava, naquele momento, daquelas coisas que mais desejava.
23 de julho de 2009
Gota a gota, saudade
Lágrimas, severas escorrem
Lua, estrela, noite escura
Solidão, saudade, tristeza.
As lembranças voltam a memória
banho, perfume, lingerie
E a lucidez some, perfumada com a
peça íntima da cor que ele gosta.
É impossível ser sensata neste momento.
Momento que sinto sua mão descendo minha peça.
Pé no chão, olhos abertos, saudade.
Boteco,cerveja, melodias.
Violeiros, poetas, cantorias.
Olhos fechados, o corpo fica, a alma voa. Corre, corre.
Pára, escuta meu coração bate forte, chora, saudade.
Cerveja, boteco, melodias
Vontadede estar nos seus braços de me sentir mulher
Afogo a saudade neste copo e mesmo assim não tenho
teu corpo
saudade...cerveja
Sinto que o efeito já se faz, sua imagem não some.
Mais cerveja?Não.
Não adianta a saudade fica, as lembranças não se apagam.
Pé no chão, fica pé, fica!!
Ele partiu
Boteco, melodias, mais cerveja.
Mais cerveja, boteco, mais melodias
Lembrar eu posso, sentir saudades eu posso,
sentir vontade, eu posso.
Eu posso tudo que me coração sente ,
pois minha cabeça não comanda meu coração
- Ó coração tenha pena da minha alma
- Não. Não posso, sinto falta dele.
Alcione dos Santos Fernandes Costa
21 de julho de 2009
14 de julho de 2009
De certo modo
tampouco se dividia ao dizer o que não fazia
mas que ainda assim deixaria o que jamais faria"
Acho que de certo modo, ainda dizem que a estética é o que rege todas as coisas. No fundo talvez seja razão, ou talvez um motivo para continuar a escrever. Mesmo assim, desse jeito um tranto troncho de escrever talvez saiam as pseudo-nadas de pseudo-tudo, quiçá fontes de inspiração ocultas, mantras secretos e revelações ainda não descobertas por aqueles que deveriam revelar.
Andshebuyinginthestairwaytoheaven.
o freio queimado
que quase arrebentou
de alguém
que quase pulou.
mas lá, no ultimo passo...
ainda carrega como tatuagem
aquele “quase” feito cruz,
e a cegueira de momento,
como o grito seco
implora pra fechar a fresta
na ultima porta
no castelo dos destinos cruzados
tão cheio de ventos carregados de ventos
insistentes em te abrir.
13 de julho de 2009
hiato criativo
12 de julho de 2009
Mientras ella iba...
- y ahora?
Sin reacción, miré para bajo, y ella volvió a hablar:
- que quieres tu que pensé yo de todo eso?
En aquel instante cortito percibí que lo existía si, de facto, una referencia, un sentido para aquella charla que otrora amable se hay ido. Y memorando me de aquello que un día había sido, y donde venia toda la tristeza de su ojos...
Ella se fue, sin reacción cualquiera. De mi sueños tenia ahora la memoria, lo recuerdo del legado, único legado cierto, de ya posarla, en algún momento de mi vida. Eso carcomía me, incomodaba me, pero no fue aislado. Mientras ella ya, percibía yo la inmensa voluntad de volver, pero no tornó ella a mirarme, simplemente se iba, caminando y de un caminar tan compasado, daba me la certeza que no estaba tan tranquila cuanto parecía.
Sentí una súbita voluntad de correr y abrázala, pero no podría, no tenía alguna moral para decir le o que pensaba yo acerca de ella. Sentí me en un gran vacío, al pensar eso. Ella caminaba, y caminaba. En un paso muy largo, hacia lo camino por demás tortuoso en mi memorias, mi recuerdos. Y todo se ha ido, simplemente lo fue. No tenía más nada a hacer. Fue traído cuando en fin despierto...
9 de julho de 2009
Valer a pena
É não querer só porquê se quer
É ter mais medo
De atrasar, da barriga, até do olhar
Do bonito, forte e fundo olhar da mulher
É quando compensa
De longe
O conforto egoísta da descrença
É quando queima
Quando se sorri
Da birra
Da groselha
Da teima
É um desencontro bom
É macio
É um viver inteiro
É viver completo
Viver porquê se quer
Atrás dos caprichos de uma única e rara mulher
Pois se enrolar portanto, se consumir
Se perder de sorrir, se morrer a procurar
Encantos nos cantos dos seus quês e talvezes
Como um amor
Como nos amores
Que não têm
E nunca vão
Dar pé
6 de julho de 2009
Mojito

"Aperte bem o hortelã em suas mãos, pois pra ficar bom o mojito tem que amassar as folhas com o açúcar e o limão."
5 de julho de 2009
2 de julho de 2009
amarelo
amarelo
anemico
atonico
amarelo de tao atonico
tonto de tao calmo, feliz de tao estupido
amarelo de tao anemico
anemico
atonico
amarelo
eu
24 de junho de 2009
Insônia...
Já não se lembrava da última vez que conseguiu enfim dormir tranquilo, se é que isso existe. Dormir tranquilo no sentido de ter uma hora fixa para enfim dizer “agora vou dormir” ou então “essa é a hora de deitar, boa noite!”. Não, seus dias tem sido intercalados com leituras até altas horas, quando não uma aventura dentro de uma filosofia de buteco, dessas que ou se presencia ou se cria mesmo não estando num, preferiria a última, por via das dúvidas. Assim resumiam-se suas noites, ao menos as últimas. E ainda achava que isso seria bom, do ponto de vista da escrita, mas ainda assim havia quem dissesse que aquilo fazia mal a pele.
O de sempre
E fazer
Então
Delas
Um belo colar
Daqueles
Daqueles que
Daqueles que duram
Duram
Duram
E duram.
Pra sempre?
Pra sempre.
Jura?
Juro.
19 de junho de 2009
O que me cerca
12 de junho de 2009
Amor de plástico
- Sim, muito.
- E porquê nunca diz?
- Eu esqueço.
- Então diga agora.
- Ué, eu te amo.
- Mais entusiasmo...
- EU TE AMO!
- Tá. Lembra de quando nos conhecemos?
- Sim, claro, muito.
- Tantas mulheres, como me escolheu? Sinceramente.
- Sinceramente? Olha, era a mais bonita, e tinha um belo par de pernas.
- E agora? O que te faz ainda estar comigo?
- Continua a mais bonita, e com pernas ainda mais bonitas.
- Obrigada, amor. E o que mais?
- É difícil encontrar uma mulher com um belo par de pernas que não vê a grosseria e a estupidez por trás de minhas sutilezas.
31 de maio de 2009
Piadela
Então, logo depois de descarregar as coisas, acendeu um cigarro e foi encontrar um grupo de conhecidos, e tão logo quanto ganhou a luz fez tom de solenidade, ajoelhou-se, calculou de prévia mais ou menos o que iria dizer em segunda pessoa pra não tropeçar nas conjugações, empostou a voz e levantou os braços:
- Ó deus, tu que és piadista, rancoroso e vingativo, que tens poder criador e matador sobre a terra, que tens controle sobre essa nossa colônia de formigas, que brinca de dilúvio, que tens o fogo nas mãos, espada branca e canela fina, que tens enorme barba e entendes tudo de biologia, de Hegel, matemática e filosofia moderna, ouça minhas humildes e rústicas preces, que imploram vossa autorização pra que eu me divirta uma noite só, só essa, só hoje. Uma.
Autorizo-vos a cobrir com as trevas que vos dá tanto divertimento todos os próximos dias da minha vida depois dessa noite de prazer.
Depois concluiu, só de sacanagem, com "juro por deus."
Meia hora foi o tempo de demorou pro primeiro trovão, e sem nenhum exagero, choveu de enroscar carro e entortar guarda-chuva por seis dias, sem qualquer intervalo.
Cada classe de coisas que havia, pouco ou muito, molhou; bolo de cenoura, cabelos de Bowie, organizadores, roupas, cabos e mesas de som, decorativos e romances, e como não estavam na década de 70 o festival acabou tendo que ser cancelado.
19 de maio de 2009
Alter Tango
Da sorridente cidade
Memórias te procuram
Invadem os bares
Vasculham os belos pares
Como se fingir fosse perder
Seguro só
Algo que não se pode ter
Só seguro
Pelos cabelos
Repouso, calmo
No eterno zelo
Discreto...
De seus pêlos
24 de abril de 2009
Inês-plicável
Acabou que caiu
Caiu em mim
Com mãos de lenda
Nos braços a maior vista tempestade
Disse querer algo que não se pode ter
E eu então-portanto,
Tampouco,
Posso dar.
Noutra de partir se foi
Tanto faz, só se foi
E sem despedida.
Foi?
Foi.
21 de abril de 2009
Mais um tango, e outro trago
Pois agora beibe, pra fazer, sobra pouco
Perodeixa, deixa de e pra todo-tanto acaso
Arrisco, sorrio, finjo, ouso dizer que vá
E digo mesmo, pois que suma!
Que voe, talvez volte
De propósito
Insisto um tanto faz
Pra hoje ainda aguento
Mais um tango, e outro trago
Embora amanhã?
Sim, embora, amanhã eu morro.
18 de abril de 2009
9 de abril de 2009
A janela e os desencontros

A vida é, na verdade, a arte de endurecer.
Que venham os desencontros, todos, até de uma vez, pois em casa de malandro vagabundo não põe a cara na janela.
Puto, fica com a janela pra você.
19 de março de 2009
Sugira o título pelo comentário
Mas não
Não, não mais
(mais)
Não mais meus
Agora com essa calma
Do rei, do bedel, também juiz
Em faz-de-conta que termina assim
Vou Joãozinho
Esquecendo sem querer
Cada memória
Pelo caminho
25 de fevereiro de 2009
Tivesse me feito chorar
Chorar é uma prova de que se está vivo, que tem motivos, que ainda não secou feito os que andam secos por aí, vivendo de maneira tão impessoal, beijando e apertando mãos por vaidade.
Queria que tivesse me feito chorar.
3 de fevereiro de 2009
18 de janeiro de 2009
PUTAQUEPARIU DE MERDA DO CARRALHO CUZIDO
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MAIS LUZ
6 de janeiro de 2009
Apendicite aguda.
Nascem braços
(um de cada lado)
onde brotam dedos
reféns do meu apego
ponto final do meu corpo
com cinco pedacinhos
que crescem devagarinho
pra levar á minha boca
aquela carne moída.
Na falta dela
vai unha roída.
11 de dezembro de 2008
Hoje quero tudo que hoje pode me dar.
hoje pode me dar
hoje quero a noite,
as bruxas voando em vassouras
versos pequenos e secos de poções
com cenouras,fábulas, tomates,
e
mais água no meu feijão
hoje crio a cobra que
me envenena.
que me faz doer
E eu grito,
até pelo simples motivo de gritar,
de rachar. eu me abro.
(um pequeno espetáculo de me ver por dentro,pela garganta,
o que há atrás do meu sino)
hoje, ao mesmo tempo,
crio a cobra que me cura.
Hoje eu não quero
nada mais que
vinho, chocolate e
motel.
não, não quero
figas por mim.
hoje quero ter a possibilidade
de morrer
e não querer.
8 de dezembro de 2008
No Bar
"De todos os times que disputam o campeonato brasileiro, 10 são paulistas e 1 é campeão"
Nada mais certo...
7 de dezembro de 2008
Dois Futebóis
Um Futebol
os carros do ano,
do patrões
exibem orgulhosamente
a bandeira do São Paulo Futebol Clube.
Para Waler.
- Poeta polifônico.”
Esse é o poema chamado “Desejo & Ecolalia”, publicado no livro “Algaravias” em 1996 por Waly Salomão. A polifonia poética nos foi apresentada, creio que pela primeira vez, pelo Mário de Andrade lá no seu “Prefácio Interessantíssimo” em 1921.
Para Mário de Andrade, o verso polifônico seria o oposto do verso melódico: “A poética está muito mais atrasada que a música. Esta abandonou, talvez mesmo antes do século 8, o regime da melodia quando muito oitavada, para enriquecer-se com os infinitos recursos da harmonia. A poética, com rara exceção até meados do século 19 francês, foi essencialmente melódica. Chamo de verso melódico o mesmo que melodia musical: arabesco de vozes (sons) consecutivas, contendo pensamento inteligível. Ora, si em vez de unicamente usar versos melódicos horizontais (...) fizermos que se sigam palavras sem ligação imediata entre si: estas palavras, pelo fato mesmo de se não seguirem intelectual, gramaticalmente, se sobrepõem umas às outras, para a nossa sensação, formando não mais melodias, mas harmonias. (...) Mas, si em vez de usar só palavras soltas, uso frases soltas: mesma sensação de superposição, não já de palavras (notas) mas de frases (melodias). Portanto: polifonia poética.”
Extraído de http://www.cronopios.com.br/site/ensaios.asp?id=3693
25 de novembro de 2008
Ao Velho Buk
Naquela noite ele pensou em um refúgio em mais um bar, mas o que fazia ele por lá? Um emprego fixo? Pra quê? Nem ele sabia. Um futuro tranqüilo, uma casa, um carro? Não existe... E ele se perguntava ainda o que fazia naquela aula.
Descobriu a literatura maldita, e com ela a expressão pré-fabricada de uma sociedade aparentemente livre. Onde? Não quero falar mais nesse ponto, vamos aos fatos...
Um belo dia estava lá, no mesmo lugar, sentado no mesmíssimo canto da masmorra, o canto frio da sala. No fundo, não queria estar lá, mas estava. Enquanto ela dizia, lia se perguntando, “alguém não faz nada?”. E continuou a ler o maldito do momento, Bukowski. À sua frente, um outro pobre diabo lia, na mesmíssima posição, alguns lugares a frente. Nesse ponto, ela notou a estranha atividade e disse:
- Se não está aí, então não ganha presença.
E os outros se viraram para ele, que lia também. “Que se foda” pensou em imediato, “que resta ler o Édipo Rei, se minha vida tem muito mais em comum do que isso?” concluiu refletindo sobre o livro. E ficou lá, lendo aqueles contos malditos.
“Então gente, nessa passagem da página 82 o Édipo encontra o Creonte...”
“Pro inferno com tudo isso!! Tudo porque o cara comeu a mãe!” continuou na sua reflexão, “que se foda!”. E assim preferiu o velho Buk: “... quando a gente é bêbado, tem que ter sorte, e quando não é, também tem que ter”. Gargalhou com tudo aquilo, naturalmente. Olhou em volta, tudo aquilo não fazia o menor sentido, a menor indicação. Era só um meio de matar o tempo, sem beber, fuder ou ainda ver o mato crescer (Buk diria ver os patos, que só grasnam e cagam, porque comem de graça).
Nesse instante que gargalhou diante daquela desgraça, novamente tornaram a lhe observar. “Mas que se foda!”, concluiu pela última vez já fechando a mochila. Já passava alguns segundos das seis, e ganhava a liberdade efêmera das ruas e dos ascetas inúteis que o cercavam.
23 de novembro de 2008
Enquanto ela ia...
– E agora?
Sem reação, tornei a olhar para baixo, até que ela voltou a falar:
– O que queres que eu pense de tudo isso?
Naquele instante percebi que existia, de fato, uma referência, um sentido para aquela fala que outrora amável foi. E comecei a lembrar do que um dia havia ido, e de onde vinha toda a tristeza daqueles olhos...
Ela saiu, sem esboçar qualquer reação. Dos meus sonhos só restava a lembrança e depois dela sair, só tinha como legado, como único legado, a certeza de já tê-la possuído, em algum momento da minha vida. E isso é que era atroz, me corroia e incomodava. Mas contudo, isso não foi isolado.
Enquanto ela ia, percebia a imensa vontade de voltar, mas ela não tornou a me olhar, simplesmente ia, caminhando e de um caminhar tão compassado, me dava a certeza de que não estava tão tranqüila quanto aparentava. Senti uma vontade abrupta de correr e abraçá-la, mas estava desmoralizado, não tinha mais moral alguma para tentar lhe dizer o que pensava realmente sobre ela.
Me senti num enorme vazio, ao pensar isso. E ela caminhava, e caminhava. Naquele passo lento, fazia esse caminho tortuoso às minhas memórias, minhas lembranças. E tudo simplesmente foi, não há mais nada a fazer. Fui traído quando enfim acordei...
16 de novembro de 2008
Ela se foi

A tristeza bateu forte a porta.
Com a estética de quem ia pra não mais voltar saiu doída, gritando pra rua que comigo não ia mais morar.
Quis, mas já não podia, ficar triste.
Dizia me querer só se fosse pra ser inteiro, reclamou do segundo plano.
Decidiu sair logo que passei a sentir saudades, quando estava até me acostumando, gostando, até assumindo!
A tristeza talvez não goste de quem se acostuma, quer ser um incêndio no milharal.
Ela é como uma mulher muito intensa, que nunca vai casar pra não correr risco de cozinhar no morno.
Morro de felicidades, e de saudades.
14 de novembro de 2008
Divagando
- O lance é que todo mundo é amigo do Rei, é a Távola Redonda.
Aqueles que outrora combatiam e defendiam seus ideais, hoje procuram defender seu próprio nariz, viajar e arrotar miséria. Não faz mais sentido, o idealismo morreu. Entrar pra História e usar camisa do Che Guevara virou símbolo daqueles que fazem a luta revolucionária... Ah, conta outra! A essência é mais profunda do que isso, não tá na imagem, não tá na fala, não tá nas ações, está no pensamento!
Ninguém precisa ser do jeito que tem que ser, ou mudar, mas só não pode se esquecer quem é ou de onde é! Essa é a verdadeira essência por aqui. Acumulações são inúteis, estamos de passagem, só nos resta nosso legado, nosso próprio legado...
10 de novembro de 2008
Generalidades
senão um recado
do recato de Deus
em voltar a ser um jovem inconsequente?
9 de novembro de 2008
Ó.
Sempre fora, e não sabia como me desligar da saudade e viver tranqüilamente.
Ainda não aprendi. E desconfio que não aprenderei nunca. Pelo menos já sei algo valioso: é impossível me desligar da saudade porque é impossível me desligar da memória. É impossível se desligar daquilo que se amou.
Tudo isso estará sempre junto conosco. Sempre teremos tanto o desejo de refazer o bom da vida como o de esquecer e destruir a lembrança do mau.
Apagar as maldades que cometemos, desfazer a recordação das pessoas que nos prejudicaram, remover as tristezas e as épocas de infelicidade.
É totalmente humano, então, ser um nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade.
Talvez, para nossa sorte, a saudade possa transformar-se, de algo depressivo e triste, numa pequena chispa que nos dispare para o novo, para entregar-nos a outro amor, a outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas que será diferente.
E isso é o que todos procuramos todo dia: não desperdiçar em solidão a nossa vida, encontrar alguém, nos entregar um pouco, evitar a rotina, desfrutar de nossa fatia da festa."
( Pedro Juan Gutiérrez )
30 de outubro de 2008
O Oculto
27 de outubro de 2008
rimas bobinhas.
fécula de pão
uma bétula no chão
irrompe a sensação
de se star só
senão comigo
com ela então.
20 de outubro de 2008
Coisas que poderiam acontecer com as coisas
Numa dessas suas tardes de inspiração, a fruteira, que estava do lado da geladeira, derrapa numa das nuvens da cozinha, derrubando todas as bananas, laranjas, mangas, cenouras, tomates e alhos que acabara de comprar num feirão torra-tudo do Jardim do Éder(fechou para reformas..dizem que colocarão rampas para deficientes).
Do céu, então, cai frutas que se espatifem no chão.
Logo, uma chuva de uma semana tb começa a cair...
- É pra São Pedro limpar a cagada?
- Não, de raiva mesmo.
18 de outubro de 2008
Coisas que poderiam acontecer com as coisas
Não saberiamos explicar.
Luz de volta, tudo volta ao normal.
Então a lua.
Uma estranha tatuagem em forma de cotovelo estampada bem no meio da sua boxexa. Que se passa no nosso farol?
nao saberiamos explicar.
Aí uma sombra. Aqui mesmo.
Aí uma escuridão.
Da India, se via uma palma.
Da Islandia, um dedo indicador.
Austrália, mindinho.
Alguem pegou o planeta.
Com um cigarro na boca, procura um vulcão ativo.
Encontra.
bota fogo no careta
, e larga aquela bolinha em cima da mesa.
claro.
ela sai rolando e pára de cabeça pra baixo, do lado do saleiro.
É assim que poderia acontecer qualquer dia desses.
14 de outubro de 2008
ohne zurück
7 de outubro de 2008
Eu, o amorzinho e os poetas românticos

Mas todavia, apesar dessas tantas paixões e completudes infinitas pra comparação, meu amorzinho continua sendo de longe o mais especial, mas também raso de tão rápido, e bonito, de tão pequeno.
4 de outubro de 2008
Interesses externos
estava deitado, trocando farpas com o piso para saber com quem ia ficar todo aquele calor. se esticava. os fones de ouvido faziam o possível para competir com o som do resto do mundo (todo vizinho tem mal gosto) e, pelo menos desta vez o jogo estava ganho.
- hã.
era o teste pra saber se nao estava surdo ou ouvindo demais.
A cada
- hã
, os fones calavam a boca. boca, agora, só falava a dele.
Era comum. Sempre perguntava:
- hã
* *
Naquele dia/noite:
- hã
- oi
- hein?
- fala porra
- mas eu to falando! mesmo sem querer, eu falei...
- não, quem falou fui eu
- hein?
- tudo bem, vou abrir o jogo
- jogo...?!
-olha, como só temos uma boca pra nossa conversa, sugiro que a prioridade seja minha...
(...)
você não tem noção da cara que está fazendo pra gente. relaxa, fica tranquilo, por nós dois.
- ... melhor?
- ô. seguinte: eu sou seu estõmago.
- putaquepariu!
- não, eu vim do mesmo embrulho que você!
- naaão...
- relaxa, foi uma piada!
(soco no estõmago)
tudo bem, sem brincadeiras...o que a cabeça anda te cochichando?
- não sei direito, ela resolveu pensar bobagem...
- é, eu to preocupado...faz o seguinte...qualquer coisa me dá um toque.
- nem á pau! toque não!
- ô caralho! as piadas ficam pra outra hora, pode ser?
- claro...
(tapinha na barriga)
1 de outubro de 2008
A Flor da Pele
Foi num daqueles dias que mais estranho que o habitual estava ele. Não conseguia se alegrar com nada, e mesmo a pequena mais empolgante não conseguiria tirar a atenção no distante intrincado que ele estava entretido naquele momento, não esboçando ao menos um sorriso. Era de fato uma pessoa por demais estranha, mas nem sempre foi assim, dizem que foi tudo por causa de um certo orgulho ferido...
25 de setembro de 2008
Trivialidades
23 de setembro de 2008
22 de setembro de 2008
zero e vinte e cinco
Sou jovem.
E me lembro de ontem,
De semana passada
Quando fiz algo que gostei...
Meus cabelos vão cair
Esse é o preço da minha vida...
A cada cabelo, algo q eu deixei pra trás...
Ainda não consigo perceber o quão jovem sou
Mas já sei o quão jovem fui...
ReJuvenescer é paliativo
Juventude é droga de efeito retardado...
E só se percebe quando já se foi.
Perceber o baque
Não é pisar no breque
Nem acelerar mais.
É perceber em que pé estou
Qual a pá que me carrega
Qual o sentido de continuar andando...
Há razão pra ficar parado?
Se paro, fico preso, pulso nulo
Passo em falso
Ponte pra lugar nenhum.
Se vou
Vejo o vazio
Vide verso
Vala comum
De se tentar...
Então o que?????
20 de setembro de 2008
Dois dedos de TODO

O amor veio correndo
Oi! segura um minuto?
desculpe! posso?
puxe aqui! olha isso!
fogo, fogo, tem fogo?
ai, espere!
Desculpa a pressa
Puxou cadeira, se apresentou
Achei grosseiro fazer perguntas
Trouxe um tornado nos dentes
Marcas na pele, frases, memórias
Uma sacola de coisas
TODO
Chamou-me
TODO
Fez-me
TODO
Que deu certa hora e sumiu, sem despedida
Deixando tudo que era, agora, só meu
Se foi?
Sim, se foi
Sobrou um meu embriagado
E todas as velhas coisas
Que por hoje cabem bem
E me fazem
Mais
Tão...
18 de setembro de 2008
31 de agosto de 2008
A música do rádio
28 de agosto de 2008
Outros Usados
Quisera eu acreditar que não fui usado
Quisera eu acreditar que não sou mais outro
Quisera eu acreditar que eu não sou mais aquele...
Quisera eu perceber que não vivo mais na função
De alguém que não era eu, sem eu, porém alguém
Que de tanto se ocultar acabou por tornar são
Das coisas quiçá oferecidas à outrem
Me sentindo assim percebo, que nada daquilo dantes notado
Fazia mudar a ordem certa, em situações onde a ordem era a regra
De adestrado me tornei adestrante, de espectador me tornei protagonista,
de amado me tornei amante... Mas o vazio permanece, maior do que nunca
Que adianta continuar a representar mesmo sabendo que a farsa é passageira
e que de tão passageira se torna casual, que casual é a palavra do momento
Descompassada, descompromissante e descompromissada.
Escolhas nem sempre são sinceras, mas de mentiras tão sinceras seduzem,
e que no fim se resumem a um mesmo fim...
19 de agosto de 2008
Ela realmente entrou pela janela do banheiro.
espalhada pelos azulejos
com pentelhos e bigodes na mesma mão,
ficou dançando,
(como quem sabe dançar)
sem saber que estava dançando.
Ninguém me contou
eu vi.
depois levantou
Depois foi embora.
Depois...
É, depois eu não sei o que ela fez
Eu precisava dela pra saber o final.
16 de agosto de 2008
Louco Pensamento... (ou Aquilo que Atormenta)
Em 18 de novembro de 2005
No Descompasso
"As Grandes Coisas devem antes usar máscaras assustadoras afim de se fincarem nos corações dos homens"
29 de janeiro de 2006
Bilingüe (minha boca na tua)
pra tu
tchu
tchu iu
fór mi
fór ti
pra ti.
um té
um tea
um ti
uam tchu tri.
tri
tree (tri)
bi (tchu)
be (é)
bé
tchu bé
bé
a
bá,
né?
Ultima desse ano.
Meu é mim.
Mim quem sou?
O meu que falo
Esbraveja
Quando entra sem pedir
Que é sua
O corpo dela
É ela
Aquela que é seu
Que tenta ser eu
Mim não deixa
Mim é meu
E não dela
Mas ela
Na dela
Me escalpela
Me lembra
De quem sou eu.
15 de agosto de 2008
A arte da repressão
Serão três grandes árvores.
Viverão abraçadas e terão que se amar, por força, pelo inevitável ou por conveniência, por todo sempre.

Provocação estética
A conversa congela. Ele diria algo profundamente espirituoso e interessante, mas pelas caretas está espantado. Diriam que vem algo ainda melhor.
- Tá ouvindo?
- Ouvindo o que?
- Ouvindo o barulhinho, tein, tein, tein. Forte e ritmado. Presta atenção.
A coisa ficou mística num estalo, e Dostoiévski não teve nada a ver com isso. Ficaria talvez até aborrecido, por se tratar de um russo e pela falta de solenidade do corte seco que sua obra mais importante levara.
- Que barulho, velho? Do que está falando?
Sobrava pouca credibilidade, teria que aproveitar bem o último acorde...
- Meu coracão, meu caro! Meu coração! Começou a funcionar de novo! Tou te dizendo, acho que estou apaixonado.
- Ahhh, vá se fuder. Tou indo nessa.
Entre três ou quatro
Porém me desfaço, despedaço ou desinteresso. Ainda que meu pedaço seja feito de aço nunca antes despeço.
Uma tacada, uma tragada, uma trepada.
Ouvi-la dizendo aquelas palavras duras me lembrou quem era justamente no mesmo instante.
Um gole, um torpe, um dote.
A reação mais insensata apareceu nos momentos mais incertos. Lembro que ainda deixo de esquecer o que fui, quando estava ainda, lá.
Vou voltar, vou lembrar, vou esquecer.
E assim a coisa se segue da mesma forma que planejei, mesmo sem ter planejado.
Um trocado, um recado, um regato.
Não me restam muito o que pensar, ainda tenho motivo e idéia. Mas nada é comparável a aquilo que se passa, ou trespassa.
Uma dança, uma lança, uma criança.
Volto até lá, um dia, uma hora. Um dia, quando tudo acabar você ainda estará lá, prestes a me derrubar. Coisas da Vida.
Uma passada, uma mudada, uma rodada.
Existem oito chances, de por um fim. Sobrevivi a sete, não tô disposto a conhecer a última chance.
O mundo dá voltas, adoidado! Quem eu vejo na mesa do lado, outrora dividiu um cigarro, um espaço, um alento.
À luz, que reluz e seduz.
Assim a memória, a mãe de todas as lembranças plausíveis me lembra de mais essa do qual julgava esquecer.
Vivo, vivaz, perspicaz, loquaz.