22 de maio de 2008

Contato

Quando os olhares alinharam-se de maneira imprevista e profunda pela primeira vez confesso ter faltado ar. Procurei entre infinitas referências aquele algo único e especial, que deveria flutuar para ela entre os dois ou três segundos próximos, um combinado de palavras que de tão justo não haveria como substituir por nada que fosse dito com calma depois.

O não verbal da mistura de expectativas e sensações provável disse algo pela sua própria conta, de maneira imperativa, atravessando a casca até então firme.

Pessoas sabem de referências, de autores, de música, de generalidades, mas não é domínio de qualquer ser humano a faculdade de construir deliberadamente a mensagem de um contato intenso de olhos, a troca perto do sobrenatural onde é possível tocar por um instante, mesmo que com a pontinha do indicador, as águas claras das profundezas do vivo.

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