4 de outubro de 2008

Interesses externos

Era noite para alguns. para outros, que esqueciam de acabar o dia, o sol se transformava num estalo liga/desliga do lado direito da porta.
estava deitado, trocando farpas com o piso para saber com quem ia ficar todo aquele calor. se esticava. os fones de ouvido faziam o possível para competir com o som do resto do mundo (todo vizinho tem mal gosto) e, pelo menos desta vez o jogo estava ganho.
- hã.
era o teste pra saber se nao estava surdo ou ouvindo demais.
A cada
- hã
, os fones calavam a boca. boca, agora, só falava a dele.
Era comum. Sempre perguntava:
- hã

* *

Naquele dia/noite:
- hã
- oi
- hein?
- fala porra
- mas eu to falando! mesmo sem querer, eu falei...
- não, quem falou fui eu
- hein?
- tudo bem, vou abrir o jogo
- jogo...?!
-olha, como só temos uma boca pra nossa conversa, sugiro que a prioridade seja minha...
(...)
você não tem noção da cara que está fazendo pra gente. relaxa, fica tranquilo, por nós dois.
- ... melhor?
- ô. seguinte: eu sou seu estõmago.
- putaquepariu!
- não, eu vim do mesmo embrulho que você!
- naaão...
- relaxa, foi uma piada!
(soco no estõmago)
tudo bem, sem brincadeiras...o que a cabeça anda te cochichando?
- não sei direito, ela resolveu pensar bobagem...
- é, eu to preocupado...faz o seguinte...qualquer coisa me dá um toque.
- nem á pau! toque não!
- ô caralho! as piadas ficam pra outra hora, pode ser?
- claro...
(tapinha na barriga)

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