11 de dezembro de 2009

I

Cansei de escrever uma linha e apagar duas.
De pensar no que poderia vir depois.
E nunca vem.
Como um atraso silencioso
Dum trem
Que nunca ouvi passar.

E pelas pontas que já ficaram,
Com pregos tortos eu fecho a minha mão.


II

Não. Agora não.
Dessa vez a boca se encheu de pulmão:
- Só saio daqui quando eu pintar os olhos do papel de

negras
L
Á
G
R
I
MAS

e o torto borrão exposto
(caminho que a tristeza faz questão de gravar no rosto)
me fizer rimar amor com dor!


III


Já é tarde.
O papel
me responde de uma vez só (FURIOSO!!) tudo o que eu poderia escrever:

(um pálido sorriso).tudo vazio.
Nada. Nada. Nada.
-Me desculpe, não é pessoal...
É que teu vazio é tão normal...
-Me desculpe, não é, pessoal??!!!!


IV

(Penso em agressão
Em revidar o verso
Do revide que levei.)


V

Mas como, se sua palidez é fruto do meu NÃO,
Do inerte movimento da borracha
rasgando as possibilidades
desse poema
ser a minha maior criação?

2 comentários:

  1. Pô Gueds, fiquei de cara agora...

    coisa linda isso aí hein???

    abrazos

    ResponderExcluir
  2. lindo... é lindo o modo como vc brinca com as palavras, como vc rompe a cadeia de versos..
    dá liberdade à palavra, deixa-a falar por si só...

    ResponderExcluir