7 de dezembro de 2008

Para Waler.

“- O que é que você quer ser quando crescer?

- Poeta polifônico.”





Esse é o poema chamado “Desejo & Ecolalia”, publicado no livro “Algaravias” em 1996 por Waly Salomão. A polifonia poética nos foi apresentada, creio que pela primeira vez, pelo Mário de Andrade lá no seu “Prefácio Interessantíssimo” em 1921.

Para Mário de Andrade, o verso polifônico seria o oposto do verso melódico: “A poética está muito mais atrasada que a música. Esta abandonou, talvez mesmo antes do século 8, o regime da melodia quando muito oitavada, para enriquecer-se com os infinitos recursos da harmonia. A poética, com rara exceção até meados do século 19 francês, foi essencialmente melódica. Chamo de verso melódico o mesmo que melodia musical: arabesco de vozes (sons) consecutivas, contendo pensamento inteligível. Ora, si em vez de unicamente usar versos melódicos horizontais (...) fizermos que se sigam palavras sem ligação imediata entre si: estas palavras, pelo fato mesmo de se não seguirem intelectual, gramaticalmente, se sobrepõem umas às outras, para a nossa sensação, formando não mais melodias, mas harmonias. (...) Mas, si em vez de usar só palavras soltas, uso frases soltas: mesma sensação de superposição, não já de palavras (notas) mas de frases (melodias). Portanto: polifonia poética.”



Extraído de http://www.cronopios.com.br/site/ensaios.asp?id=3693

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