22 de setembro de 2009

Delírios suburbanos - parte 3

Do balcão ele continuou, e ela foi embora. Pediu mais uma cerveja, se levantou, foi até a junkbox e colocou uma moeda na máquina, escolheu as opções: Coltrane, Mariah Carey, Reginaldo Rossi e uma seleção de temas de novelas, escolheu o último. Sorriu quando a máquina começou "Quantos sonhos em sonhos acordo aterrado, A terrores noturnos minha alma se leva, É um insight soturno é o futuro passando...". Nada mais adequado. Tomando a cerveja, esperou a música acabar e saiu.
A medida que andava fugia dos seus fantasmas em formas femininas, sentia que seu passado ainda estava arraigado nas mulheres que conheceu. Um letreiro publicitário lhe chamou a atenção, era sobre viagens. Se lembrou de quando estava com uma delas no estrangeiro. A elegância do lugar e como ela se portava foi uma pedrada na cabeça. Aquilo o perturbou. Chegou em casa, subiu e logo dormiu no sofá vendo tv, alternando entre canais com anéis em mãos escarlates e pastores cinicamente exorcizantes. Achava graça de ambos, mas preferiria mesmo assistir o canal do boi. Pena.
Um lugar invernoso, inóspito, porém com sol. Ao redor algumas casa e animais que andavam em bando. Patos, e eventuais gansos. Uma paisagem estranha, uma árvore e um processo de degelo bastante próximo, questão de dias. Flores que ainda relutavam em nascer por entre as árvores desfolhadas. Mesmo ali se perguntou ao que seria apresentado, ao longe via jovens e idosos praticando tai-chi-chuan. E seus sons orientais. Ao olhar novamente em direção as casas viu uma pessoa trajada com um terno preto, em risca de giz, chapéu e um cravo na lapela. Trocando em miúdos, o lugar era a Sicília e aquele era um típico mafioso.
Ele caminhou na sua direção, um passo grave e cadenciado e lhe disse:
- Você não sabe porque está aqui, mas sabe perfeitamente o que veio saber.
- Como assim?
- Seus sonhos, você pensa realmente que eles nunca dizem absolutamente nada. Há quem diga que que eels são um prenúncio para algo futuro, que surge do nada, por algum desígnio do acaso. A questão é além, seus atos o levam aos seus sonhos, e vice-versa. No final é isso.
- Hum...

Um comentário:

  1. Hahaha, massa, muito massa, Maus!
    Curti esse seu jeito de narrar. Deixa meio um suspense, uma curiosidade sobre o que vem a seguir, a próxima palavra, a próxima frase, o próximo gesto. Um jeito de forçar o raciocínio. "O que se passa pór essa cabeça?"

    Blá. é isso aí. impressões. ;}

    ow, põe o link p/ o blog de vcs no seu perfil, é mais fácil de entrar aki qdo vc deixa um comentário.
    bjs.

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